Após mais de 47 horas de ocupação no plenário do Senado, parlamentares da oposição encerraram o protesto e permitiram a retomada das sessões nesta quinta-feira (7/agosto). A ocupação, que envolveu cenas de empurrões, gritos, esparadrapo na boca e até senadores acorrentados à mesa diretora, tinha como objetivo pressionar pela aprovação de uma proposta de anistia a envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Com o fim da ocupação, o Senado aprovou a atualização da tabela do Imposto de Renda, mantendo a isenção para quem ganha até dois salários mínimos. O projeto segue agora para sanção presidencial.
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), criticou duramente a ação da oposição e elogiou os presidentes da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, senador Davi Alcolumbre (União-AP), por, segundo ela, “retomarem o comando das Casas”. “Os interesses do país e do povo não podem ser submetidos às chantagens dos aliados de Jair Bolsonaro”, escreveu Gleisi em publicação no X (antigo Twitter).
Segundo a ministra, o Congresso precisa votar pautas urgentes, como a isenção do Imposto de Renda para rendas de até R$ 5 mil, a PEC da Segurança e a proposta de isenção da conta de luz para consumidores com consumo de até 80 kWh por mês. “Essa é a pauta do país, não a anistia dos golpistas”, afirmou.
Gleisi também acusou o ex-presidente Jair Bolsonaro de conspirar com um governo estrangeiro, referindo-se aos Estados Unidos, “fazendo o presidente dos EUA impor pesadas taxas às exportações brasileiras, comprometendo nossos empregos, empresas e a economia do Brasil em troca de pressão para sua anistia”.
Ela completou: “Seus apoiadores no Congresso Nacional, com o mesmo objetivo, impedem votações importantes para os trabalhadores e as famílias do Brasil. Este país tem Constituição, leis, poderes independentes e um povo altivo. Não pode ficar refém de Bolsonaro”.
Líder da oposição no Senado, o senador Rogério Marinho (PL-RN) classificou o fim da ocupação como um “gesto” para restabelecer a normalidade e retomar o diálogo com o presidente da Casa, Davi Alcolumbre. Segundo Marinho, houve compromisso para que as pautas da oposição sejam discutidas.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), estuda suspender por seis meses os mandatos de Marcos Pollon (PL-MS), Paulo Bilynskyj (PL-SP) e Zé Trovão (PL-SC) por participação no motim que paralisou os trabalhos do plenário.