Tarifas de Trump afetam exportações e ameaçam empregos no Brasil
A medida afeta setores estratégicos como aço, carne e etanol
e o governo estuda resposta diplomática e econômica
As novas tarifas aplicadas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros já provocaram perdas de até US$ 4,2 bilhões por ano, de acordo com cálculos da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB) e da Confederação Nacional da Indústria (CNI). As medidas foram impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump e afetaram setores estratégicos da economia brasileira, como aço, alumínio, carne bovina, milho e etanol. As alíquotas chegam a 60% em alguns casos.
O impacto imediato mais expressivo ocorre nas exportações de aço. Segundo o Instituto Aço Brasil, as vendas do produto para os EUA devem cair cerca de 30%. No setor de carnes, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) projeta perdas de até US$ 1 bilhão apenas nas exportações de carne bovina in natura.
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) calcula uma retração de 0,3 ponto percentual no Produto Interno Bruto (PIB) de 2025, com os efeitos mais concentrados nas regiões Norte e Centro-Oeste, mais dependentes do agronegócio e da exportação de commodities.
Internamente, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alertou para possíveis desequilíbrios no mercado, enquanto o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) classificou as tarifas como um “ataque à soberania nacional” e chamou a atenção para os prejuízos às cooperativas agrícolas.
Reação
Em resposta, o governo brasileiro anunciou medidas emergenciais de apoio financeiro por meio do BNDES, da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil. Também estão em estudo ações para desonerar a folha de pagamento e promover a diversificação dos mercados de exportação.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva condenou publicamente a medida adotada por Trump, reafirmou a defesa da soberania brasileira e destacou a integração entre o Executivo, o Congresso e o setor produtivo para mitigar os efeitos da crise.
- Apesar da manutenção de isenções para cerca de 700 produtos, 35,9% das exportações brasileiras para os EUA continuam afetadas. O governo está disponível a possibilidade de aplicar a Lei da Reciprocidade Comercial, mas afirma que a prioridade será o diálogo diplomático.
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