Uma descoberta em Poços de Caldas (MG) colocou o Brasil no centro da disputa global por terras raras. A jazida, localizada na cratera de um vulcão extinto, cobre cerca de 800 km², alcançando também Andradas e Caldas (MG), além de Águas da Prata (SP). Os minerais, fundamentais para tecnologias de energia limpa e eletrônicos, atraíram mais de 100 pedidos de pesquisa registrados na Agência Nacional de Mineração (ANM) nos últimos dois anos.
Empresas australianas como Meteoric Resources e Viridis planejam iniciar a extração em 2026, com potencial para atender 20% da demanda mundial. A proximidade dos minerais à superfície facilita a exploração, o que, segundo o geólogo Paulo Henrique Silva Lopes, torna a região um “unicórnio” da mineração. Ele ressalta que a formação vulcânica se espalha por municípios como Cabo Verde, Muzambinho, Botelhos, Campestre (MG) e Caconde (SP), informa o g1.
Terras raras
As terras raras formam um grupo de 17 elementos químicos da tabela periódica: lantânio, cério, praseodímio, neodímio, promécio, samário, európio, gadolínio, térbio, disprósio, hólmio, érbio, túlio, itérbio, lutécio, escândio e ítrio.
Embora presentes na crosta terrestre, costumam aparecer em baixas concentrações, dificultando a extração. Cada elemento tem usos específicos na indústria:
Lantânio e cério – catalisadores em refinarias de petróleo e conversores catalíticos veiculares.
Praseodímio e neodímio – ímãs potentes para motores de carros elétricos e turbinas eólicas.
Promécio – baterias nucleares de longa duração.
Samário – ímãs de alta resistência em equipamentos aeroespaciais.
Európio e térbio – LEDs e telas fluorescentes.
Gadolínio – exames de ressonância magnética.
Disprósio – durabilidade de ímãs em altas temperaturas.
Hólmio, érbio, túlio, itérbio e lutécio – lasers, fibras ópticas e reatores nucleares.
Escândio – ligas de alumínio para aviação.
Ítrio – cerâmicas de alta resistência e supercondutores.
A versatilidade desses elementos os torna estratégicos para a indústria tecnológica e de energia renovável.
Direitos de exploração
O interesse na jazida motivou especulação. A RCO Mineração, do empresário Rafael Cruz de Oliveira, investiga depósitos em Turvolândia (MG), a 40 km da cratera, com base em estudos da Companhia Brasileira de Pesquisa de Recursos Minerais, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). O objetivo é negociar direitos com grandes mineradoras.
A Anova, sediada em Cabo Verde (MG), planeja instalar uma planta-piloto em Caldas ou Santa Rita de Caldas, atraindo investidores estrangeiros. O sócio Edgard Jones aponta teores promissores, mas alerta para projetos especulativos sem viabilidade econômica.
Entre 2023 e 2024, Minas Gerais respondeu por um terço dos pedidos de pesquisa de terras raras na ANM, evidenciando o potencial de a região competir com a China, líder global no setor.
Potencial nacional
O Serviço Geológico do Brasil (SGB) avalia que o país possui grande potencial para a produção de terras raras e outros minerais estratégicos, essenciais para tecnologias verdes e de alta tecnologia.
Estudos recentes indicam depósitos também no Amazonas e em Goiás, reforçando a necessidade de investimentos em pesquisa e exploração. O SGB defende políticas públicas e parcerias com o setor privado para desenvolver a cadeia produtiva, aliando sustentabilidade à geração de benefícios econômicos.
O órgão enfatiza que a exploração deve ser equilibrada com a preservação ambiental, para garantir que a riqueza mineral contribua para o desenvolvimento sem comprometer o futuro das regiões exploradas.
Uma grande jazida de terras raras foi identificada na cratera de um vulcão extinto em Poços de Caldas (MG), abrangendo cerca de 800 km², incluindo Andradas, Caldas (MG) e Águas da Prata (SP). Essas reservas atraíram mais de 100 pedidos de pesquisa à Agência Nacional de Mineração (ANM) entre 2023 e 2024, representando aproximadamente um terço do total do estado, segundo o Olhar Digital.
O depósito pode suprir até 20 % da demanda global por esses minérios, que estão perto da superfície, em argila iônica acessível e de baixo custo, facilitando a exploração e favorecendo o Brasil diante da atual liderança da China no setor, ainda segundo o Olhar DigitalPortal da Mineração.
Especialistas geológicos classificam a região como um “unicórnio” da mineração, dada a combinação de volume, facilidade de acesso e baixo custo, segundo informou o Olhar DigitalPortal da Mineração.
Embora o setor represente uma oportunidade estratégica para o Brasil — que busca reduzir sua dependência externa na cadeia de tecnologias verdes —, ambientalistas alertam para os desafios: possíveis impactos químicos e disposição de resíduos exigem licenciamento rigoroso nas prefeituras de Poços de Caldas e Caldas.
O serviço geológico nacional destaca o potencial brasileiro em terras raras, com depósitos também no Amazonas e Goiás. O estímulo a investimentos, parcerias público-privadas e políticas ambientais adequadas pode fazer da exploração mineral uma força de modernização, sem comprometer o futuro das regiões exploradas.
Fontes complementares sobre o tema:
“Jazida de terras raras em MG gera mais de 100 pedidos de mineração” — Olhar Digital Olhar Digital
“Cidades mineiras abrigam jazida gigantesca de terras raras” — Portal da Mineração Portal da Mineração
“Cratera de vulcão em cidade de MG entra na corrida global por terras raras — jazida pode suprir até 20 % da demanda mundial” — Click Petróleo e Gás CPG Click Petroleo e Gasportalviu.com.br