O plano terá como foco os setores mais atingidos pelo tarifaço, preservando empregos e a atividade econômica. Entre as ações previstas estão linhas emergenciais de crédito, adiamento de tributos e contribuições federais, compras públicas de produtos perecíveis e programas de proteção ao emprego.
A medida atinge aproximadamente 35,9% das vendas para os EUA — o equivalente a US$ 14,5 bilhões em 2024 —, com impacto direto sobre carnes, café, frutas, pescado e indústria de máquinas, de acordo com informações de O Globo.
Linhas de crédito e apoio às empresas
Os ministérios da Fazenda, Casa Civil e Desenvolvimento, Indústria e Comércio finalizam cálculos para liberar crédito emergencial a empresas que enfrentem dificuldade de redirecionar a produção ao mercado interno ou a outros países. O ministro Fernando Haddad e o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmaram que a análise será feita “caso a caso” para definir beneficiários e forma de repasse dos recursos.
Proteção ao emprego
Duas modalidades estão em estudo para evitar demissões: a reativação do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), criado em 2015, que prevê redução proporcional de jornada e salário com compensação parcial paga pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT); e o modelo de apoio usado em 2024 para empresas do Rio Grande do Sul atingidas por enchentes, que garantiu duas parcelas de um salário mínimo diretamente aos trabalhadores. Em ambos os casos, a contrapartida será a manutenção dos postos de trabalho.
Compras públicas e estímulo ao consumo interno
O pacote deve incluir, também, a compra governamental de produtos originalmente destinados à exportação, priorizando perecíveis como pescados, frutas e mel. Representantes do setor alimentício apresentarão listas de mercadorias excedentes e preços para viabilizar as operações. O ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, informou que está em análise a concessão de subsídios para a venda desses produtos no mercado interno e o aumento da proporção de ingredientes naturais em sucos, iogurtes e sorvetes, gerando nova demanda.
Estratégia diplomática
Apesar da pressão por retaliação, Alckmin afirmou que a prioridade é negociar a exclusão de mais setores da lista de sobretaxas, que o governo brasileiro considera “extremamente injustas”. “A prioridade não é retaliar, é resolver, ampliando o número de setores que fiquem fora dessas tarifas, que entendemos extremamente injustas”,disse o vice-presidente no sábado (9/agosto).
Alckmin destacou preocupação especial com café, carne e indústria de máquinas, especialmente motores e equipamentos. “O produto commodity é mais fácil de encaixar em outro lugar. A indústria é mais específica, é mais difícil. Por isso, o governo está lançando um programa amplo de apoio para preservar emprego e permitir que as empresas retomem e fortaleçam sua atividade econômica”, afirmou.